O Monstro da Complexidade: Quando o Ego Vira Código

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O Monstro da Complexidade: Quando o Ego Vira Código

O desenvolvimento de software deveria ser, em essência, um exercício de simplicidade. O código nasce pequeno, claro e objetivo, criado apenas para resolver um problema específico. No entanto, conforme passa pelas mãos humanas, esse código é inevitavelmente afetado pelo orgulho, pela vaidade e pela ambição. E aquilo que deveria permanecer limpo começa a se contaminar. É nesse ponto que surge um fenômeno recorrente em projetos de software: a transformação do simples em complexo.


A mutação do código

Na teoria, o código deveria ser mantido leve e funcional. Na prática, ele sofre constantes intervenções que o fazem crescer de forma desordenada. Cada nova dependência, cada camada extra e cada padrão desnecessário adicionam peso e opacidade. O que antes parecia um organismo vivo, flexível e adaptável, acaba se tornando rígido, como pedra. O projeto deixa de ser um conjunto de soluções e passa a ser um labirinto.


A Medusa Digital

Essa transformação faz com que o código adquira uma forma quase mítica: uma “medusa digital”. À primeira vista, sedutora e promissora, mas na realidade traiçoeira. A cada tentativa de simplificação ou corte em seus excessos, novas complexidades surgem, como cabeças que renascem em uma Hydra. O desenvolvedor que deveria dominar sua criação, aos poucos, se torna prisioneiro dela.


O mausoléu da simplicidade

Projetos que poderiam funcionar com leveza acabam se tornando pesados e inflexíveis. Frameworks desnecessários, arquiteturas infladas e abstrações complexas transformam a simplicidade em um mausoléu digital. Em vez de sistemas vivos e sustentáveis, o que se vê são estruturas monumentais, difíceis de manter e destinadas a colapsar sob seu próprio peso.


O papel do ego

O maior inimigo do código não é a linguagem nem a tecnologia, mas o ego que conduz as decisões de projeto. O desejo de exibir sofisticação, de provar domínio técnico e de deixar “marca pessoal” no sistema leva à criação de soluções desnecessariamente complicadas. O resultado é um código que não resolve melhor os problemas, apenas os oculta sob camadas de vaidade.


A pergunta inevitável

O desafio para qualquer equipe de desenvolvimento é resistir a essa tentação. O código deve permanecer como aquilo que nasceu para ser: simples, direto, funcional. Sempre que nos afastamos dessa premissa, corremos o risco de transformar soluções em monstros. No fim, a reflexão é clara: estamos realmente construindo software eficiente, ou apenas fabricando criaturas que irão nos aprisionar?

Romeu G.

Engenheiro de Software, especializado em Redes de Computadores desde 1995 sou amante de linguagens de programação, robótica e softwares embarcados.

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